domingo, 29 de agosto de 2010

Medicina popular

Organizada pela Articulação Pacari, a publicação Farmacopéia Popular do Cerrado vai registrar, pela primeira vez, a “sabedoria medicinal” das comunidades do bioma. Quem assina o livro são 257 raizeiros e benzedeiras, cujos conhecimentos tradicionais estão ameaçados diante do avanço da fronteira agrícola. 
 29/01/2009 - O raizeiro Dalci José de Carvalho, de 55 anos, comanda atento os cinco voluntários que trabalham na farmacinha da comunidade de Olhos D’água, na zona rural do município de Turmalina, no Vale do Jequitinhonha (MG). Os conhecimentos sobre as 70 plantas medicinais com que trabalha servem para amenizar a vida das 27 famílias que habitam a comunidade.
O Pacari, avisa, é um ótimo cicatrizante, ao passo que o Algodãozinho do Campo impede a infecção de prosperar. Já o Capim-verde, tão bom para combater as doenças respiratórias, não existe mais. Sumida da comunidade desde a expansão da fronteira agrícola e dos eucaliptais sobre áreas remanescentes do Cerrado, a planta engrossa a lista das variedades medicinais ameaçadas na região. “Faço como meu avô fazia, como meu pai fazia depois dele. Mas se não tiver a planta, como passar o conhecimento para frente?”, pergunta o raizeiro se referindo à própria filha, uma das voluntárias da farmacinha.
De olho nesta necessidade, seu Dalci será um dos 257 raizeiros e benzedeiras que assinarão conjuntamente o livro “Farmacopéia Popular do Cerrado”. Em fase de revisão, o livro terá mais de 300 páginas e abordará as propriedades curativas que as populações tradicionais de Goiás, Minas Gerais, Tocantins e Maranhão detectam em nove plantas da região, como o barbatimão, o algodãozinho e a batata de purga. A iniciativa é da Articulação Pacari, rede formada por grupos comunitários que trabalham com plantas medicinais. “Estamos trabalhando no livro com nove plantas, mas há comunidades quilombolas que chegam a conhecer e utilizar até 200 plantas”, avisa a coordenadora da Articulação Pacari, Jaqueline Evangelista. 
A seleção, avisa, teve por objetivo destacar as plantas que estão sendo mais ameaçadas pelo avanço das fronteiras agrícolas, bem como aquelas usadas em maior número de comunidades e utilizadas para fazer diferentes tipos de remédios. Para isso, foi feito um levantamento de mais de cem plantas por região, que foram depuradas com base em uma metodologia estabelecida pelos próprios raizeiros para que se chegasse às plantas que constam no livro. Entre os critérios esteve o cruzamento dos conhecimentos de diferentes raizeiros e benzedeiras. “Se diferentes comunidades que não se conhecem e dizem que a mesma planta apresenta os mesmos princípios, então precisamos olhá-las com atenção”, explica Jaqueline.
Segundo ela, a obra não dará receitas, apenas indicações do uso fitoterápico das plantas. Também dirá onde elas podem ser encontradas e apresentará dados botânicos específicos. Como exemplo, estão as pomadas feitas do barbatimão, usadas como cicatrizantes, e os chás de pé-de-perdiz, que têm efeito antibiótico. Os moradores, explica Jaqueline, preparam as plantas medicinais que constam na publicação de pelo menos dez formas diferentes: fazem xaropes, pomadas, cremes, sabonetes, balas, pílulas, chás, óleos, tinturas e garrafadas (mistura com bebida alcoólica). 


Além de registrar estes conhecimentos, o livro também visa orientar benzedeiras, raizeiros e as farmácias populares para que usem os produtos com eficiência e segurança. O governo federal acompanha a elaboração do livro por meio de um termo de cooperação entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Ministério do Meio Ambiente.

Política Nacional
Não se sabe ao certo o alcance da medicina popular no Brasil, mas um panorama feito pela Articulação Pacari com apenas 31 grupos comunitários de Goiás e Minas identificou 7.500 pessoas diretamente beneficiadas pelas plantas medicinais. Apesar disso, os derivados dessas plantas ainda não são reconhecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), já que não existe regulamentação federal específica para fitoterápicos e para remédios populares. “Aí é ruim, parece até que a gente é bandido”, reclama seu Dalci.
Em 2006, duas importantes Políticas Nacionais na área de Plantas Medicinais e Fitoterápicos foram lançadas. A primeira foi a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS, aprovada por meio da Portaria 971, do Ministério da Saúde, e a segunda a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, aprovada por meio de Decreto Presidencial em junho de 2006, com o objetivo de garantir à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, “promovendo o uso sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional”.
A Articulação Pacari defende a auto-regulação da medicina popular pelo engajamento dos próprios raizeiros e benzedeiras. Para prosperar, avisa Jaqueline, a política deve se assentar num tripé. Em primeiro lugar, a planta tem de ter qualidade e sua disponibilidade assegurada, o que implica intensificar as ações de conservação do Cerrado e garantir o livre acesso dos raizeiros às áreas de reserva legal situadas no interior de grandes fazendas. Afinal, sem a planta não há como garantir a sobrevivência da medicina popular.
O segundo quesito diz respeito à consolidação de boas práticas de manipulação dentro das farmacinhas, desde princípios básicos de higiene até a adoção de sistemas de pesos e medidas e a instalação de pisos laváveis e fornos apropriados. “Uma política nacional certamente ajudaria nessa estruturação”, defende. Por fim, é preciso haver segurança de que determinada planta efetivamente serve para aquela doença, o que implica a ação dos órgãos competentes em conjunto com o resgate destas tradições populares, transmitidas oralmente há décadas. “O que não pode é o Brasil reconhecer a medicina tradicional chinesa, mas não a medicina popular brasileira”, diz Jaqueline.
O importante, avisa, é não perder o bonde. Segundo informações da Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente 40% dos medicamentos atualmente disponíveis foram desenvolvidos direta ou indiretamente a partir de fontes naturais. Estatísticas apontam também o crescimento do consumo de plantas medicinais ou medicamentos à base de plantas em todas as classes sociais no Brasil e no mundo. Esse mercado cresce em torno de 15% ao ano.

Por Vinícius Carvalho, jornalista do Portal da RTS

Medicina popular obtém reconhecimento científico

O uso de ervas medicinais, muitas delas cultivadas no fundo do quintal, é uma prática secular baseada no conhecimento popular e transmitido oralmente, na maior parte das situações. É difícil encontrar alguém que não curou a cólica infantil com camomila ou erva-doce ou o mal estar de uma ressaca com chá de folhas de boldo, sem qualquer receita médica. Numa população com baixo acesso a medicamentos, como a brasileira, agregar garantias científicas a essa prática terapêutica traz variadas vantagens.
Esse é o objetivo do Projeto Farmácias-Vivas, criado em 1985 pelo farmacêutico Francisco José de Abreu Matos, da Universidade Federal do Ceará. O projeto é direcionado para a saúde pública, cujas plantas permitem, hoje, o tratamento de aproximadamente 80% das enfermidades mais comuns nas populações de baixa renda. A mais recente Farmácia-Viva instalada em outubro último em Viçosa, é capaz de atender também os municípios vizinhos, na Serra da Ibiapaba. Duas outras preparam-se para começar a atuar em Caucaia e Umirin, também municípios cearenses.


Abreu Matos explica que 64 espécies de plantas medicinais disponíveis no nordeste já foram selecionadas e tiveram seu uso analisado cientificamente, de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde.
A escolha das plantas inicia-se a partir de um levantamento etnobotânico, seguido do levantamento bibliográfico e experimentação em laboratório. As informações geradas são organizadas em um banco de dados e, posteriormente, sua eficácia e segurança terapêuticas são avaliadas. Nessa fase, as variedades coletadas no campo são levadas para um horto de plantas medicinais, localizado no campus da UFC, onde passam pelo processo de domesticação e preparação de mudas, sob a orientação de um agrônomo, para mais tarde serem cultivadas nas hortas de cada farmácia-viva.
Nas farmácias-vivas, os medicamentos são preparados em laboratório de fitoterápicos sob responsabilidade de um farmacêutico especialmente treinado. Para sua administração, o princípio ativo é mantido nas plantas (e não isolado como faz a indústria farmacêutica) na forma de chás, xaropes, tinturas e cápsulas gelatinosas.
Entre os fitomedicamentos usados com eficiência já comprovada cientificamente, o pesquisador cita a tintura e o sabonete líquido de alecrim-pimenta (Lippia sidoides), preparações de elevado poder anti-séptico; o creme vaginal de aroeira-do-sertão (Myracrodruom urundeuva), usado com sucesso no tratamento de cervicite e cervicovaginite; assim como o elixir de aroeira, de ação semelhante às preparações de espinheira-santa, para tratar gastrite e úlcera gástrica e as cápsulas de hortelã-rasteira (Menthax villosa) eficiente medicamento contra amebíase, giardíase e tricomoníase.
Os bons resultados das farmácias-vivas motivaram o governo cearense a criar o Programa Estadual de Fitoterapia, nos moldes do projeto, que é hoje aplicado em cerca de 30 comunidades do interior, como complemento do Programa Saúde da Família (PSF). O projeto das farmácias-vivas está presente, também, em Brasília e nos municípios de Picos, no Piauí e Altamira, no Pará.
O pesquisador cita dois estudos recentes: com o melão-de-são-caetano (Momordica charantia L.), e com a planta antidiabética que é designada pelo nome de insulina-vegetal (Cissus cicyoides).

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Plantas Medicinais: doenças incuráveis podem ter solução

A utilização das plantas como medicamento provavelmente seja tão antiga quanto o aparecimento do próprio homem. A evolução da arte de curar possui numerosas etapas, porém, torna-se difícil delimitá-las com exatidão, já que a medicina esteve por muito tempo associada a práticas mágicas, místicas e ritualísticas. A preocupação com a cura de doenças, ao longo da história da humanidade, sempre se fez presente. Sabemos que os alquimistas, na tentativa de descobrir o "elixir da vida eterna", contribuíram e muito na evolução da arte de curar. Um grande avanço na terapia foi dado por Paracelso que defendia a teoria da "assinatura dos corpos", segundo a qual as plantas e animais apresentavam uma "impressão divina" que indicava suas virtudes curativas. De acordo com essa teoria, a semelhança da forma das plantas aos órgãos humanos determinam o seu efeito curativo sobre estes como, por exemplo, algumas hepáticas, apresentando formato parecido a um fígado, eram utilizadas para curar moléstias de tal órgão. As plantas pelas suas propriedades terapêuticas ou tóxicas adquiriram fundamental importância na medicina popular.

Até meados do século XX, a medicina popular, como é conhecida aquela baseada no conhecimento empírico das plantas medicinais, não tinha em seu uso qualquer comprovação científica. A pesquisa para desenvolvimento de remédios se baseava na síntese química de novas substâncias. No entanto, se percebeu que os produtos de origem natural tinham mais chances de apresentar alguma atividade biológica, uma vez que são sintetizados por organismos vivos. Após a obtenção das plantas medicinais, normalmente o material pode seguir três caminhos: uso direto do material fresco, extração de substâncias ativas ou aromáticas do material fresco e secagem do material fresco.

Este último destino é o que requer mais atenção, por preservar os materiais, possibilitando o uso das plantas a qualquer tempo, dentro dos prazos normais de conservação. Antes de submeter às plantas à secagem, deve-se adotar alguns procedimentos básicos para se obter um produto de boa qualidade, independente do método a ser empregado. A Fitoterapia é o tratamento das doenças, alterações orgânicas, por meio de drogas vegetais secas ou partes vegetais recém colhidas e seus extratos naturais. O Brasil possui a maior biodiversidade do planeta, o que, sem dúvida, é uma dádiva divina. A natureza, além de sua beleza plástica, oferece recursos para a solução de muitos problemas que afligem a humanidade neste século. Doenças consideradas incuráveis, como o câncer e a AIDS, por exemplo, podem ser erradicadas a partir dos recursos disponíveis na biodiversidade. Só que esse tesouro precisa ser bem conhecido e conservado para ser utilizado.

fonte: http://www.portaleducacao.com.br/farmacia/artigos/5661/plantas-medicinais-doencas-incuraveis-podem-ter-solucao

Plantas medicinais - Benefícios e malefícios

Estudo descritivo objetivando verificar se os herbolários oferecem as informações corretas para a utilização das plantas medicinais; se orientam os clientes acerca das possíveis intoxicações ou interação com os alopáticos; e se utilizam critérios para a comercialização dos fitoterápicos. Utilizou-se um questionário contendo questões abertas e fechadas envolvendo aspectos da atuação dos herbolários com os fitoterápicos. Os herbolários conhecem a maioria das plantas medicinais, entretanto, há lacunas acerca da indicação correta desses produtos, dos efeitos colaterais e toxicidade. Os herbolários carecem conhecer melhor os princípios ativos das ervas, as indicações terapêuticas, orientar os usuários acerca das possíveis interações farmacológicas ou intoxicações medicamentosas e a respeito da limpeza, armazenamento, tempo de vida útil e contra-indicações do produto.

fonte:http://www.portaleducacao.com.br/farmacia/artigos/8606/plantas-medicinais-beneficios-e-maleficios

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Plantas Medicinais

PLANTAS MEDICINAIS: Quando os Portugueses chegaram no Brasil já utilizavam-se do uso das Plantas Medicinais .O conhecimento indígena também muito apurado contribuiu com a grande maioria de Plantas para serem utilizadas como medicamento.São varias as maneiras de utilizá-las, em chás, garrafadas, xaropes, cheiros e defumadores, em banhos e em banhas. A grande maioria das pessoas de uma comunidade conhecem e usam as plantas medicinais,são conhecimentos sempre transmitidos dentro de uma família,especialmente entre as mulheres .No preparo do remédio é comum a classificação como: remédio fino, remédio fresco e remédio quente:
REMÉDIO FINO: Provoca transpiração excessiva,por isso o doente não pode se molhar na água fria de chuva ou banho. Remédios finos: Gendiroba (torrada e moída) tomada sem dieta, é bom para dores de cólica e de estômago, Guiné (raiz na pinga) bom para dor e reumatismo,Alho (chá) contra dor de dente. REMÉDIO FRESCO ou FRIO: O remédio fresco, chá fresco, refresca o corpo por dentro. Cura mau-estar da vista, dos rins, fígado e intestino. Remédios frescos: açafroa, quina, quebra-pedra, salsa, jalapa, picão, poejo, peroba rosa, tiuzinho, limão, folha de abacate, água-da-colônia (raiz), cipó-de-São-João (raiz), pimenta malagueta, tomate, limão e caju.
REMÉDIO QUENTE:O remédio quente põe a doença e o calor para fora do corpo. Usado nas doenças Sarampo, febre, catapora, coqueluche, bexiga, gripe, asma, e outros. Remédios quentes: carro santo, pimenta-do-reino, raiz de fedegoso, cravo, amendoim, alfavaca, unha danta, sabugueiro, gengibre, agrião, hortelã, limão (assado), laranja tanja, levante, anador da farmácia e outros. Alguns destes são remédios finos. O remédio quente incomoda o fígado, os rins e o intestino.
CHÁ MEDICINAL: É uma das maneiras mais utilizadas das Plantas Medicinais.O Chá consiste na infusão em água quente da folha,fruto,casca,raiz,flor,graveto,ou qualquer outra parte da planta com o intuito de retirar seu extrato com o qual se mistura a água resultando no chá.Abaixo alguns chás muito utilizados na farmacopéia popular:

Alcaçuz: chá de Alcaçuz há 3000 anos trata das doenças dos chineses. O alcaçuz é uma planta cuja raiz adocicada permite um chá com ação diurética, laxante, expectorante e calmante. Funciona como antiinflamatório, acalma a dor e é um poderoso antialérgico.
Indicado como chá para :inflamações do ventre; inflamações de vias urinárias;  Calmante de dores e combate a cárie dentária.
Preparo e uso:Infusão da raiz do alcaçuz podendo ser tomado quente ou em doses diárias frias em dosagens normais.

Alecrim:O Alecrim é uma poderosa erva que mantém em sua constituição o poder de um chá fortíssimo contra hipertensão , anti-reumático, diurético etc., e ainda, quando feito um  caldo forte de suas flores e folhas torna-se um excelente anti-séptico de pele e estimula o crescimento capilar.
Indicado para :  como chá -  esgotamento cerebral; tênue depressão; distúrbios.intestinais ; dismenorréia; colecistite crônica e dores reumáticas.
Como uso tópico: contusões; entorses; queda de cabelo, caspa

A MEDICINA E A RELIGIÃO COMO CULTURA POPULAR

A medicina popular representa um importante elemento cultural de uma sociedade e, apesar dos grandes avanssos alcansados pela ciencia na realidade, continua recebendo creditos significativos por parte de seu praticantes
 A medicina popular equivale aos conhecimentos e praticas arraigados tanto cultura indigena quanto aos valores trazidos por colonizadores. Esses conhecimentos foram incorporados pela populacão e   respeitados no cotidiano, cristalizados nos habitos, nas tradições e nos costumes . A justificativa do uso de praticas baseadas no saber popular e se encontra apenas na falta de esclarecimento ou de recursos financeiros por parte da população. Mesmo em grandes centros populares ou urbanos e em classes socialmente mais elevadas, crenças e praticas baseadas no saber popular e em experiencias  ricas e adotadas como recursos destinados manutenção da saude ou cura de doenças. Essas praticas se justificam principalmente por meio da crença e na  terapeutica dos recursos utilizados
 fonte:http://www.ebah.com.br/religiao-e-medicina-como-cultura-popular-ppt-a46241.html